É faz de conta, mas é sério!

Fingir. Fingir é a base do RPG. Fingimos ser elfos, mercenários, mechas, magos, pilotos de caça interplanetária. Fingimos ser deuses. Fingimos morrer. Fingimos vencer nos piores inimigos e temores. Brincamos de faz de conta— e é isso que nos salva. Poderia dizer que o RPG é a mais elaborada forma de mentira colaborativa já criada. E, ao mesmo tempo, a mais sincera. Porque por trás de toda máscara, todo personagem, toda “voz engraçada” ou “trauma dramático” da ficha, existe algo que talvez nunca tivesse coragem de aparecer se não fosse assim — disfarçado. E eu não estou falando de dramatização, nem de atuação no estilo live action . Falo de como, em silêncio, o que mais revelamos no RPG é aquilo que tentamos esconder fora dele. O jogador mais brincalhão da mesa geralmente esconde um poço de melancolia. O mestre que descreve o mundo como se fosse um exilado, talvez esteja mesmo exilado de alguma parte de si. E o guerreiro impulsivo, que age antes de pensar? Às vezes, é o cara ma...