Mestres são o pior tipo de jogador?
Já disseram que os médicos são os
piores pacientes; o mesmo acontece com os mestres. Eles são o pior tipo de
jogador. Depois de mestrar por muito tempo, eles adquirem certos hábitos, típicos
dos mestres, como verificar a iniciativa de cada um no combate, controlar as
ações dos NPC’s e monstros, verificar se certas regras estão sendo cumpridas na
mesa e basicamente, controlar todo o mundo de campanha. Mas quando eles deixam
de lado a cadeira de mestre e voltam ao posto de jogador, eles podem encontrar
algumas dificuldades e para os mestres novatos, isso pode ser um verdadeiro
desastre.
Veja bem, não estamos dizendo
aqui que os mestres são jogadores ruins. Alguns fazem essa transição de mestre
para jogador de forma graciosa. Isso é acontece com frequência em grupos onde
os jogadores se revezam para mestrar. Nos grupos onde apenas uma pessoa fica
responsável pelas sessões por um longo período que causam problemas.
Embora esses mestres não causem
esses problemas intencionalmente. Eles acreditam que estão ajudando o mestre,
mas a verdade é que só pode existir um mestre de cada vez, e se você não está
atrás do escudo, você não é o mestre, sinto muito.
Para fazer a transição de modo
mais fácil, listamos algumas dicas logo abaixo. Lembre-se de encorajar qualquer
mestre que esteja abdicando, mesmo que momentaneamente, dando oportunidade de
outro para mestrar para o grupo.
Um exemplo positivo
Jogadores jovens e inexperientes
vão olhar para você em busca de aprovação. Porque até bem pouco tempo, você era
o mestre. Como mestre, você estava em uma posição de autoridade. Só por que
você mudou o lugar onde você sentava, isso não te diminui diante dos demais
jogadores. Demonstre respeito pelo novo
mestre, e os demais jogadores vão seguir o seu exemplo. Exemplifique todas as
atitudes positivas que você espera dos demais jogadores quando está mestrando.
Isso inclui coisas como: prestar atenção, mesmo quando não é seu turno de ação,
manter anotada todas as informações pertinentes ao seu personagem na sua ficha,
e saber o que está se passando no jogo quando chegar a sua vez.
Demonstre Criatividade
Se você é, ou foi o mestre, é de
se esperar que você tenha alguma experiência. Coloque essa experiência jogando
com seu personagem de uma forma criativa. Descreva suas ações e adicione
detalhes que a maioria dos jogadores ignora. E quando se trata de roleplay,
permaneça no personagem o máximo que conseguir. Pense fora da caixa e deixe a
regra de ouro ser o seu guia. Expanda os limites do que você acha que seu
personagem é capaz. Encoraje o mestre e os demais jogadores a dizer mais “Sim”
do que “não” para as coisas que acontecem no jogo, mas lembre-se de não “roubar
a cena” demais, e evite forçar a barra se o novo mestre disser que não permite
algo. Lembre os demais jogadores que eles não limitados apenas ao que está
escrito na ficha de personagem deles.
Encoraje a Participação
Com base em sua experiência como
mestre, muitos dos jogadores vão colocar você como líder do grupo. Em todo momento quando o grupo precisa tomar
uma decisão, eles vão deixar você decidir ou pelo menos oferecer uma sugestão
do que deve ser feito. Isso vai ser tentador e é uma parte do poder que o
mestre desempenha, mas não faça isso! Quando o resto do grupo vier até você em
busca de soluções, tente fazer com que eles se envolvam, ao invés de esperar
uma resposta fácil ou solução rápida vinda de você. Quando as situações sociais
exigirem, chame o personagem bardo ou paladino do grupo para resolver, quando
for uma situação que exija força física, se volte para os bárbaros e
guerreiros. Faça todo mundo se envolver e ter os seus 15 minutos de fama
durante a sessão.
Garante uma transição suave
Seja polido e franco com o novo
mestre antes de assumir seu lugar como jogador. Deixe bem claro, que se ele
precisar de ajuda, você estará ali para ajudar. Também deixe claro que vai
respeitar a autoridade dele como mestre e não vai bater de frente com ele. Essa
pode ser uma conversa delicada, principalmente se não conhecer a fundo o
jogador que passará a ser o mestre, ou se você acredita que ele não fará um
trabalho tão bom quanto o que você fazia. Em qualquer um desses casos, mantenha
os comentários negativos para você e faça uso da empatia. Essa conversa tem
como principal objetivo, aumentar a confiança do novo mestre, o que vai fazer a
experiência em mesa de jogo fluir melhor para todos, inclusive para você.
Não seja critico
Todo mestre
tem o seu próprio estilo de jogo. Alguns preferem o bom e velho hack’n slash,
enquanto outro preferem enigmas e interpretação. Independente do estilo adotado
pelo mestre que vai te substituir, não critique, mesmo que seja o total oposto
do jeito que você joga. Você teve sua oportunidade de mestrar e provavelmente
vai tê-la de novo em breve, até lá, sente para jogar e aproveite. Essa regra
vale o dobro se for a primeira vez do novo mestre a frente de um grupo.
Tem um novo xerif...mestre na cidade.
Alguns jogadores mais experientes
sofre um pouco ao abrir mão do cargo de mestre e voltam para a cadeira dos
jogadores, ficando tentados a corrigir o novo mestre toda vez que ele fizer
algo errado. Vamos começar do ponto: seu papel na mesa não é ser um advogado de
regras, o seu papel é jogar com o seu personagem e se divertir com seus amigos.
O único caso em que você deve “advogar” sobre uma regra é quando o novo mestre
pedir sua opinião. A palavra do novo mestre é a lei, não a sua. Se algum erro
crasso acontecer, considere falar em particular com o novo mestre, de preferência
depois que o jogo terminar e não no meio da aventura, não na frente dos demais
jogadores.
Ajude os Outros jogadores.
Se um dos outros jogadores não
tem certeza ao certo de como funciona um de seus poderes, ou se ele se esquece
dos detalhes sobre algum monstro, ajude-os. Você ainda é uma fonte de
conhecimento de como o jogo funciona (mas cuidado com o metagame). Seja útil e
auxilie os demais jogadores em mesa, mas tenha em mente que diante de uma regra
ou situação questionável, a questão deve ser resolvida pelo mestre.
Lidere através do exemplo
Em alguns momentos, todo mestre
vai criar expectativas ou ter esperanças que os jogadores venham a agir de uma
certa maneira. Na maioria das vezes, isso não acontece porque eles não sabem
qual a melhor forma de agir, as vezes pode ser porque eles não sabem que certas
ideias podem funcionar. Quando você for o jogador, mostre isso a eles através da
sua forma de jogar. Se os jogadores não veem o valor em certas habilidades,
mostre a eles como fazê-las funcionar em jogo.
Crie um personagem único
Isso parece obvio, mas quantas
vezes não vemos os jogadores jogando com os mesmos personagens estereotipados?
O Elfo arqueiro, o halfling ladino, o anão clérigo e etc. Na maioria das vezes,
essas raças são escolhidas por causa das mecânicas e combos que eles podem
fornecer. Ir contra a maré e mostrar que não ter um personagem totalmente
otimizado, não torna um personagem menos interessante, pode ser uma das coisas
mais gratificantes que você pode fazer, estando do outro lado do escudo. Essas
escolhas que fogem do padrão de cada raça e papel em combate, são o que dão os
toques únicos em um personagem que pode ser tornar memorável.
Separe o conhecimento de mestre e o conhecimento de jogador
Não fique falando sobre os atributos
dos monstros, o mapa, ou a aventura com os demais jogadores. A menos que o
grupo faça boas rolagens para descobrir essas coisas, tudo isso deve ser de conhecimento
apenas do mestre.
Se divirta!
Alguns jogadores levam RPG muito
a sério. E provavelmente os que mais levam a sério, são os mestres. Tente não
se ofender, respire fundo e se lembre que no fundo isso é só um jogo, e você
deveria estar se divertindo. Faça o possível para criar um ambiente agradável,
esteja você mestrando ou não. Se durante a aventura mestrada pelo novo mestre,
você se irritar e perder a paciência, os demais jogadores vão fazer o mesmo.
Comentários
Hoje em dia eu sou bem mais tranquilo. Entendo bem a distinção entre os papéis de mestre de jogo e o de jogador para contribuir para uma boa partida.
As dicas da matéria são bem legais!