AVENTURA: Superman & Quarteto Fantástico - Destruição Infinita

 


Origem: Um Crossover Inesperado

O coração desta aventura é diretamente inspirado na aclamada HQ de 1999, Superman & Fantastic Four: The Infinite Destruction, escrita por Dan Jurgens e com arte de Art Thibert.

Na história original, Superman recebe uma mensagem holográfica, supostamente enviada pelo seu pai, Jor-El, momentos antes da destruição de Krypton. A mensagem revela uma "verdade" chocante: Krypton não foi destruído por instabilidade geológica, mas sim "colhido" por Galactus, o Devorador de Mundos. Movido pela dor e por um desejo de justiça, Superman procura a ajuda do Quarteto Fantástico, percebendo a anomalia na mensagem e o perigo de um confronto entre dois dos seres mais poderosos do universo, mas antes que possam fazer algo o vilão Super Ciborgue ataca e durante a luta o Superman é capturado por uma sonda enviada por Galactus.

O grande clímax revela que a mensagem era uma farsa. O verdadeiro vilão é o Cyborgue Superman (Hank Henshaw), que forjou a gravação para manipular Superman, com o objetivo de o transformar no novo e mais poderoso arauto de Galactus, esperando ganhar o favor da entidade para os seus próprios fins niilistas.

Da Página para a Mesa: As Adaptações Necessárias

Embora a premissa da HQ seja interessante e se aproveite para dar um retcon na destruição de Kripton, desconsiderando que o Quarteto e o Superman pertencem a universos diferentes, uma adaptação direta não funcionaria numa mesa de RPG, que depende da agência e do protagonismo dos jogadores. Por isso, várias alterações foram feitas para transformar essa narrativa numa aventura jogável e flexível:

  1. Protagonismo dos Jogadores: A mudança mais crucial foi remover a dependência de personagens específicos. Em vez de Superman, o gancho emocional é direcionado ao "herói com conexão com Krypton ou o mais poderoso do grupo". Isso torna a trama pessoal para um dos seus jogadores, sem exigir que ele seja, literalmente, o Homem de Aço. Da mesma forma, o Quarteto Fantástico é substituído por "aliados" e um "NPC Cientista" genérico, permitindo que o Mestre insira personagens já existentes na sua campanha ou crie novos.

  2. Estrutura em Atos e Ritmo de Jogo: A história foi segmentada num formato de três atos para se adequar ao ritmo de 2 a 3 sessões de jogo.

    • O Prólogo e o Ato 1 focam no mistério e na "pista falsa" (a suposta bomba que na verdade é um projetor), garantindo que os heróis se envolvam ativamente na investigação desde o início.

    • O Ato 2 introduz o verdadeiro antagonista e o conflito pessoal, com a base a voltar-se contra os heróis e a captura de um deles, elevando as apostas.

    • O Ato 3 e o Clímax são a recompensa cósmica, focando menos em "derrotar" Galactus e mais no dilema moral de salvar o amigo que se tornou arauto e expor a mentira do vilão.

  3. Foco na Interação entre os Personagens:  A aventura foi desenhada para apresentar dilemas constantes: confiar na tecnologia do inimigo para o seguir? Como lidar com o amigo que agora serve a uma força da natureza? Terá sido sorte ou azar que um herói tenha sido escolhido como arauto de Galactus ao invés do vilão? É evidente que o vilão está buscando uma forma de trair o grupo, como lidar com isso?

  4. Galactus como Cenário, Não como Vilão: A aventura reforça a interpretação de Galactus como uma força da natureza, moralmente neutra. A sua presença serve para criar um senso de urgência. O verdadeiro conflito é humano (ou meta-humano), centrado na manipulação do Cyborgue Superman e na crise de identidade do novo arauto.

Em suma, "A Destruição Infinita" vai na onda de dois grandes filmes que estão no cinema na época em que essa publicação foi escruita e na premissa de uma das histórias "crossover" que ue mais gostei de ler na minha adolescência e adaptando-a para o deleite dos seus jogadores. 


PRÓLOGO

Narração A quietude da noite na cidade é rompida por um som agudo, como o de metal a ser rasgado no vácuo. Um feixe flamejante rasga os céus e colide violentamente com o centro da metrópole. A explosão abre uma cratera de trinta metros, espalhando detritos por vários quarteirões e colapsando o trânsito e as comunicações. Alarmes disparam. As pessoas correm, tentando desesperadamente escapar da zona de impacto. O caos é generalizado.

Interação Os heróis, posicionados em pontos distintos da cidade, recebem alertas ou testemunham o impacto. A sua tarefa imediata é reagir: salvar civis, conter os danos e avaliar a dimensão da ameaça.

Evento No centro da cratera fumegante, um artefato alienígena fumega e pulsa com uma luz esverdeada. A sua superfície exibe um contador digital que emite sinais visuais e sonoros — está, inequivocamente, na iminência de se ativar. O artefato responde de forma não linear, resistindo a ataques físicos, campos de contenção e tecnologias convencionais.

Desafio:

  • Desativar o artefato antes que o contador atinja o zero. Este é um desafio que pode ser técnico (para heróis com capacidades científicas), sensorial (para detetives cósmicos) ou físico (uma sequência de ações precisas para um velocista).

  • Em caso de falha, o artefato desativa-se por si só — revelando a sua verdadeira natureza: não uma bomba, mas uma isca tecnológica.


ATO 1 – A VERDADE CODIFICADA

Narração Após ser desativado, uma espiral cristalina ergue-se da base do objeto. A estrutura gira lentamente até projetar uma imagem holográfica vívida: um homem de aparência nobre com vestes kryptonianas.

Holograma – Diálogo Gravado "Meu filho... Krypton não foi destruído por instabilidade interna. Foi... consumido. Por uma entidade além da nossa compreensão: Galactus."

Antes que a mensagem se estabilize, a transmissão é interrompida bruscamente. Em toda a área, dispositivos eletrônicos entram em caos. Luzes piscam, telas quebram sozinhas, e drones e robôs ativam-se por conta própria, passando a atacar alvos aleatórios como se obedecessem a um novo e invisível comando.

Combate e Tensão Os heróis devem agir rapidamente para proteger os civis dos ataques tecnológicos. A suspeita recai imediatamente sobre o cristal: estará a manipular ou a possuir a tecnologia local?

Objetivo:

  • Controlar a crise imediata e proteger a população.

  • Recuperar o cristal e levá-lo a especialistas para análise.


ATO 2 – FALSOS ARAUTOS

Cena 1: Refúgio e Investigação Os heróis procuram refúgio num laboratório de ponta (pense num análogo ao do Quarteto Fantástico ou de um gênio tecnológico semelhante). Lá, aliados examinam a gravação e o cristal.

NPC Cientista (análogo de Reed Richards): "Isto não é uma gravação original. Deteto múltiplas camadas de dados sobrepostas. A imagem foi adulterada. Alguém quer que vocês acreditem que Galactus destruiu Krypton."

Esta revelação gera desconfiança. Alguém está manipulando os heróis — mas com que propósito?

Cena 2: A Base Volta-se Contra Eles Durante a análise, o cristal ativa-se silenciosamente. Em segundos, os sistemas da base voltam-se contra eles: portas trancam-se, sistemas de defesa disparam contra os próprios ocupantes e máquinas de laboratório ganham vida, tornando-se hostis.




Desafio:

  • Sobreviver a uma base tecnológica possuída.

  • Proteger o cientista e impedir que o cristal escape.

Cena 3: A Revelação do Inimigo No clímax do combate, uma figura familiar aparece: Cyborgue Superman (ou uma variação deste vilão, criada pelo Mestre). Ele observa com arrogância, cercado por tecnologia moldada à sua vontade.

Cyborgue Superman: "Em todas as minhas viagens pelo cosmo eu ouvi rumores dos poderes que Galactus pode oferecer para aqueles disposto a serví-lo. Não tentem me deter, pois com meus poderes, eu posso voltar toda sua tecnologia contra vocês facilmente!"

Então, enquanto a batalha contra o vilão recém-revelado vai se desenrolando uma sonda alienígena é enviada por Galactus com o intuito de capturar o personagem kriptoniano. Assim que a sonda executa seu propósito, ela acelera e dispara rumo ao espaço, enquanto dentro dela forças cósmicas e além da compreensão humana começam a exercem influência sobre o herói cativo.

Galactus: "DEIXE O PROCESSO COMEÇAR. DEIXE A TRANSFORMAÇÃO OCORRER. VOCÊ NÃO PRECISA MAIS ESTAR SOZINHO NO COSMOS. DEIXE QUE TODA A EXISTÊNCIA TOME CONHECIMENTO DE QUE GALACTUS TEM UM NOVO ARAUTO. ESSA É A PALAVRA DE GALACTUS. ESSA É A LEI."

Superman, Arauto de Galactus: "Meu é o poder cósmico e as necessidades de Galactus agora são minhas necessidades. Sua vontade é a minha vontade".

Ciente de que Galactus escolheu Superman como seu novo arauto, cada um reage a sua própria maneira. O Super Ciborgue clama que esse lugar era seu por direito, enquanto Reed Richards compreende que imbuido dos poderes cósmicos cedidos por Galactus somado a sua fisiologia kriptoniana, o Superman se torna um dos seres mais poderosos do universo e antes que o Arauto deixe a terra para se juntar ao seu mestre, Reed se agarra a ele, sendo teleportado através do universo.

Ele ativa um dispositivo de dobra espacial. Um dos heróis — idealmente o mais poderoso ou com conexão emocional a Krypton — é capturado, juntamente com um dos cientistas.

Dilema para os heróis restantes:

  • Buscar uma forma de seguir o seu rastro cósmico, mas quem vai desenvolver essa tecnologia?

  • Aceitar a ajuda de um vilão visivelmente hostil e com um plano maligno em andamento?

  • Como impedi-lo de exercer seus poderes e causar mais caos e destruição enquanto lidam com a sua situação do rapto do herói kriptoniano?


ATO 3 – O DEVORADOR DE MUNDOS

Cena 1: Viagem Estelar A jornada até Galactus é marcada por perigos: falhas de energia, distorções dimensionais, encontros com os cadáveres de sistemas estelares e os ecos fantasmagóricos de arautos derrotados.

Durante este trecho, estimule:

  • Discussões filosóficas sobre vida e morte em escala cósmica.

  • Tensões entre os personagens sobre sacrifícios e as decisões que terão de tomar.

  • Recordações do herói capturado, agora perdido nas profundezas do espaço.

Cena 2: Encontro com Galactus A nave chega a um sistema vazio. Galactus revela-se como uma entidade colossal, incompreensível, indiferente à presença dos heróis. As suas ações não são malignas — são parte da uma ordem natural do universo. Os heróis tentam impedir a destruição de um planeta desabitado, mas são completamente superados pela sua magnitude.


É então que o herói capturado ressurge. Agora com a transformação completa, seu corpo reluz com energia brilhante e a sua voz ecoa com poder cósmico e detém novas habilidades

Novo Arauto (ex-herói): "Ninguém deve intereferir com os desígnios de Galactus".

 

CLÍMAX – A ESCOLHA FINAL

Cena 3: Dilema e Rebelião O próximo planeta na rota de Galactus é habitado. Milhares de espécies vivem lá — nenhuma das quais representa qualquer tipo de ameaça ou mal.

Conflito dramático:

  • Se houver luta, durante o combate o novo arauto hesita, visivelmente dividido entre o seu novo dever e as suas memórias.

  • Os heróis podem tentar apelar emocionalmente ao seu antigo aliado. Exija os testes adequados para isso ou deixe para a interpretação entre os jogadores e personagens.

  • O vilão, cuja manipulação foi totalmente exposta, tenta forçar Galactus a continuar a sua obra, esperando arrogantemente a sua recompensa.




Reviravolta: O cristal é finalmente destruído, revelando a mensagem original e intacta: Galactus jamais destruiu Krypton. A gravação foi uma farsa forjada pelo vilão para os seus próprios fins. Galactus, que até então observava com indiferença, responde.

Galactus: "A vossa presunção foi conveniente. Mas a mentira não é minha."

Super Cirbogue: "Galactus, eles não são dignos de seu poder! Mas eu sou como você, acima do bem e do mal! Eu te imploro! Deixe-me ser seu servo leal! Me dê o que eu mereço! Me dê a perfeição!." 

 

Num ato de poder absoluto, Galactus pune o vilão, transformando-o numa liga metálica perfeita - sem sinal de sua consciência.


EPÍLOGO 


Cena Final na Terra Os heróis retornam, exaustos e transformados pela experiência. A ameaça passou, mas o universo agora parece infinitamente maior, mais perigoso e mais vivo. Numa rua tranquila, o herói principal retira o seu símbolo e entrega-o a uma criança, num gesto carregado de significado.

A narrativa afasta-se, mostrando o céu estrelado. Algumas estrelas brilham mais intensamente do que antes.


NOTAS PARA O MESTRE

  • Galactus como Entidade Moralmente Neutra: Não o trate como um vilão tradicional. Ele é uma força universal, como o tempo ou a gravidade. O drama não está em derrotá-lo (talvez isso nem seja possível), mas em convencê-lo — ou em encontrar uma terceira via.

  • Conflito Interno: Dê foco ao personagem que se torna arauto. Ele deve confrontar a sua própria identidade, lealdade e o peso das suas ações, mesmo sob influência externa. Converse com o jogador em privado para tornar este arco ainda mais impactante.

  • Paralelos e Origens: Caso você opte por usar os personagens prontos sem alterações, em algum momento aborde como o Super Ciborgue e o Quarteto tem origens parecidas. Astronautas bombardeados por radiação cósmica, mas enquanto o Quarteto recebeu poderes e passou a agir como heróis o Super Ciborgue viu seus companheiros e sua amada morrerem devido aos efeitos da radiação.

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