Resenha: A Flecha de Fogo
Muitas vezes já foi dito que o mundo de Arton e o cenário de Tormenta são
“colchas-de-retalho”. E isso é verdade, uma vez que o cenário tem tudo aquilo
que mais gostamos, como escolas de magia, cidades voadoras, ameaças cósmicas de
origem alienígena, conspiração e intriga na corte e até mesmo robôs gigantes. É
possível jogar qualquer tipo de aventura ou campanha usando Arton como pano de
fundo. Entretanto, o cenário que já passa dos 20 anos, apresentado pela
primeira em uma edição especial da Dragão Brasil, sempre deixou algumas pontas
soltas, deixando em aberto para os mestre e jogadores resolverem os mistérios,
preenchendo as lacunas deixadas pelo autores. Qual foi o crime cometido pelos
três deuses na Revolta dos Três? Quem era o terceiro deus? Qual a origem da
Tormenta? Foram as perguntas que por muitos anos perseguiram a todos que são
fãs do cenário. Até a chegada de Leonel Caldela.
Na trilogia
do Inimigo do Mundo, muitas dessas perguntas foram respondidas dando espaço
para outras e criando novas oportunidades de aventuras para os jogadores e
mestres, mas ainda havia uma pergunta para a qual não tínhamos resposta: o quem
ou quê é a Flecha de Fogo? Haviam inúmeras possibilidades e especulações.
Poderia ser a elfa de cabelos vermelhos que aparecia em um conto na Dragão
Brasil ou poderia ser item mágico que deveria ser encontrado em uma aventura
que seria lançada no futuro pelos editores… Podia ser qualquer coisa. Mas
ninguém poderia acertar o que realmente era e esse “não saber” torna a leitura
do livro ainda mais empolgante.
A Flecha de
Fogo, nos leva por uma jornada que logo no começo já mostra que é diferente de
tudo aquilo que vimos antes. Pelos olhos de Corben, um astrólogo e clérigo de
Thyathis, que leva uma vida de estudo em Sternachten, até que a cidade é
atacada e sua vida muda drasticamente, somos guiados através da descoberta do
que realmente se trata a Flecha de fogo e profecia, em uma narrativa que leva o
leitor ao fundo do continente de Lamnor e o faz lidar com os goblinoides e sua
visão de mundo e do mundo como deveria ser. Quebrando paradigmas, logo nos
primeiros capítulos, mostrando que eles são muito mais complexos e vão muito
além do conceito que os define como os monstros que os aventureiros combatem no
começo de suas carreiras ou as feras bestiais que tomaram o continente
lideradas por um monstro. o autor da alguma noções do idioma dos goblinoides e
da sua cultura, e conforme o protagonista Corben vai aprendendo e sendo
inserido na cultura dos seres de Lamnor, assim o leitor vai junto.
O livro
surpreende a cada página, com aparição de velhos conhecidos dos leitores, como
Gaardalok, Lorde Niebling entre outros que havia muito não eram mencionados e passaram por mudanças com o passar dos anos.
Mesmo que alguns apareçam em poucas páginas ou não tenham muitos diálogos,
todos eles são marcados por mostrar que os personagens desse mundo não podem
ser facilmente divididos em heróis ou vilões,cada um com motivações próprias que os
levam além desses conceitos, motivações essas, que por vezes faz com que não
concordemos com decisões tomada pelos protagonistas, com reviravoltas
que podem fazer você amar ou odiar o personagem mas sem perder a vontade em
prosseguir na história que vai cativando e nos envolvendo. Alguns sendo
veículos de críticas a sociedade e o preconceito, ou mostrando como é fácil
odiar algo quando não se conhece nada sobre. Destaque especial para o lendário
Thwor Ironfist ou Thwor KoshKothruk, como é chamado no idioma goblinóide, que
se torna o personagem mais complexo, tornando fácil entender porque
ele foi capaz de liderar a Aliança Negra até a dominação quase completa de um
continente e por que eles confiam cegamente nele.
As cenas de
batalha em especial na batalha final, são tão bem descritas que você se sente
quase participando do momentos decisivos, se compadecendo dos personagens sendo
levados ao limites, não são só físicos, mas de suas convicções e crenças como
um todo. Terminada a leitura, leva algum tempo para digerir todas as mudanças
dramáticas que acontecem na trama e o que isso vai significar nos próximos lançamentos
da editora Jambô para o cenário de Tormenta, mas com a evidente sensação que
Leonel Caldela mais uma vez supera as expectativas, e leva o cenário de
Tormenta RPG para outro nível, fechando mais um arco e abrindo espaço para
novas aventuras e fantásticas histórias, tornando as 700 páginas d’A Flecha de
Fogo, uma excelente aquisição.
Boa leitura !
Daytt-muaken iyk-deshzahuk!
Para comprar seu exemplar d'A Flecha de Fogo, clique AQUI! Disponível em versão física e digital.
Comentários